Tema: “Jeremias - Esperança em tempos difíceis”.
Lição 04 - Chorando aos pés do Senhor
Texto Áureo: Tg. 4.9 - Leitura Bíblica em Classe: Jr. 9.1-9.
Pb. José Roberto A. Barbosa
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Objetivo: Ressaltar que somente o quebrantamento, demonstrando em choro aos pés do Senhor, pode trazer um grande e singular avivamento.
INTRODUÇÃO
Jeremias é um profeta que sente as dores do seu povo. A mensagem de julgamento não o insensibiliza. Uma demonstração dessa sensibilidade profético-espiritual se encontra no capítulo que estudaremos na aula de hoje. Ele se derrama em lágrimas por causa da corrupção espiritual de Judá. Que essa aula sirva para despertar a igreja do Senhor para buscá-LO, em lágrimas, pranteando pelos pecados do povo, e pelos nossos próprios pecados.
1. O CHORO DE JEREMIAS
Essa é uma passagem comovente das Escrituras na qual Jeremias pranteia pelos pecados do povo. Ele prefere viver no deserto a ver as coisas degradantes que acontecem na cidade, mas ele havia sido chamado para permanecer ali e anunciar com ousadia a Palavra de Deus (Jr. 40.6). O profeta descreve os pecados das pessoas nos seguintes termos: “como um arco eles curvam a sua língua; falsidade é o seu arco. Eles foram bem sucedidos na terra, mas não no interesse da verdade. Vão de um mal a outro...”. Eis aqui mais uma demonstração de que prosperidade material nada tem a ver com espiritualidade. Por ser o povo escolhido por Deus (Ex. 19.4-6), Judá achava que o culto ritual seria suficiente para não passar por qualquer ameaça inimiga. Ao invés de atentarem para a responsabilidade da escolha, o povo vivia em ostentação e vanglória. Nós, os cristãos, não podemos esquecer que a justificação não nos isenta da responsabilidade para a santidade (Rm. 6.1-2). O arrependimento, para Judá, era dispensável, tanto João Batista (Mt. 3.7-10), quando Jesus (Jo. 8.33) e Paulo (Rm. 2-4) passaram por essa resistência, não será diferente conosco. Como Jesus, em Lc. 19.41 e Paulo, em Rm. 9.1-5, Jeremias chorou devido a condição espiritual do seu povo. Será que ainda existem pregadores que choram pelas almas perdidas? Existem lágrimas nos olhos dos pecadores, daqueles que sofrem nas mais diversas circunstâncias, mas onde estão as lágrimas das igrejas? O culto ao entretenimento também está invadindo muitas igrejas, os cristãos deixaram de considerar as sábias recomendações de Tiago: “Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza” (Tg. 4.9).
2. A CALAMIDADE DE JUDÁ
A calamidade que sobrevirá sobre Judá causa emoções fortes em Jeremias. Ele consegue descrever a destruição da nação em cores vivas, destacando que as pastagens do deserto ficarão assoladas, onde antes o gado pastava (Ex. 3.1) e por onde vagavam aves e animais (4.25). Não muito em breve se encontraria apenas chacais em meio às ruínas em virtude da decadência espiritual (Jr. 9.7). Isso aconteceria porque o povo, em sua teimosia, não queria dar ouvidos à mensagem profética. Jeremias, corajosamente, denuncia a maldade dos pais que encorajam seus filhos a pecar, resultando em castigo (Ex. 20.5). Somente através do arrependimento e do reconhecimento da misericórdia e justiça de Deus o povo estaria seguro (I Co. 1.31; II Co. 10.17). O legalismo pode levar os cristãos à mesma situação. Como os crentes da Galácia, há quem despreze a verdade do evangelho pelas práticas religiosas (Gl. 1.7-9). A salvação não é pelas obras, mas pela graça, por meio da fé, não pelas obras para que ninguém se glorie (Ef. 2.8,9). Ainda que, já salvos, precisamos andar na luz, nas boas obras, para as quais fomos feitos no Senhor (Ef. 2.10). As boas obras do cristão são realizadas por meio do fruto do Espírito (Gl. 5.22). O fundamento é o amor, por meio do qual demonstramos que estamos verdadeiramente em Cristo (I Co. 13). A igreja cristã deva cultivar o amor, sem qual é impossível que haja unidade (Ef. 4.3). Em nossos dias, as pessoas não têm coragem de amar porque não têm coragem de sacrificarem-se (Jo. 3.16; I Jo. 3.16).
3. AOS PÉS DO SENHOR
Nos versículos 23 e 24 de Jeremias 9 está escrito: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor”. Nestes versículos, encontramos os maiores valores dos tempos de Jeremias, ainda cultuados na sociedade moderna: conhecimento, poder e riqueza. Mas Deus não olha para uma nação atentando para a imponência das suas universidades, influência política ou armamentista ou seu desenvolvimento econômico. O interesse de Deus é que as pessoas se prostrem aos seus pés, que ajam com justiça, que demonstrem genuíno amor. É chegada a hora dessa nação se voltar para o Senhor nosso Deus. A educação é necessária ao futuro do país, mas não devemos buscar apenas um ensino com vistas à competitividade. É preciso que a educação invista na melhoria das vidas das pessoas, sobretudo com vistas à solidariedade, na diminuição das desigualdades sociais, na preservação do meio ambiente. A democracia é uma conquista que precisa ser preservada, mas pouco será feito enquanto os políticos não forem capazes de ter um espírito público, de buscarem o bem da nação e não o enriquecimento ilícito, a fim de satisfazerem interesses egoístas. A riqueza também precisa deixar de ser o valor máximo da sociedade contemporânea, o mercado não pode ser tratado como se fosse um deus. Enquanto estivermos dobrados aos pés de Mamon, será pouco provável que descubramos o valor de estar aos pés do Senhor. A maior glória que alguém pode buscar, em todo tempo, é a de servir a Cristo, e reconhecer que, nEle, somente nEle, encontramos a plenitude da vida. Quando isso acontecer, o conhecimento, o poder e a riqueza deixarão de ser o alvo neurótico da existência.
CONCLUSÃO
Quantos ainda estão dispostos a derramar suas lágrimas aos pés do Senhor pela nação? Infelizmente são poucos que ainda têm alguma sensibilidade espiritual. Estamos tão anestesiados pela competitividade e pela ambição que não conseguimos nos voltar para o próximo. O Senhor nos convida, neste tempo, a sentir a miséria do povo, a prantear por aqueles que se encontram distanciados da Palavra de Deus. A igreja tem um papel fundamental nesses últimos dias, e, cada cristão, precisa sentir-se responsabilizado e imbuído da tarefa profética de denunciar o pecado e conduzir o povo de volta aos caminhos do Senhor.